"A arte é um jeito que o ser humano tem
de resgatar sua própria grandeza oculta"

André Mauraux"


Este espaço tem como objetivo (re)criar a arte através da apreciação e reflexão desta em suas várias formas e expressões, fomentando o encontro poético entre seus membros.
Façamos da arte do encontro nosso grito poético, fazendo ouvir a nossa voz em uníssono, tranformando a palavra em verbo.
O grupo terá temas semanais, que serão postados sempre aos sábados e terão a duração de uma semana. Esses temas serão publicados no blog , no grupo e na página do facebook.
Todas as formas poéticas serão bem vindas.
As postagens que não se refiram ao tema da semana serão bem vidas, mas só utilizaremos para a publicação no blog, as que estiverem em consonância com o tema proposto.

Sejam bem vindos!
Namastê!!!!

sexta-feira, outubro 28

V. Daniela Mercury - Sukiyaki



(escolhido por Marília Kubota)


Kokoro* de Daniela
big como a vozvuzuela
que canta japonices



 Ao andar
olhe pra cima
e pra baixo
pra não cair
na panelinha
de amarelos
e baianos
mas no caldeirão
de todos tontos tons.



(Marília Kubota)




a canção japonesa 
na voz dela:
Daniela


(Luiza Maciel Nogueira)



domingo, outubro 23

IV. O rapto de Proserpina (1621/1622 - Bernini)



Nos braços de plutão
Vão-se as primaveras
Na terra não há verão

Só nas profundezas
Córregos águam sedas
E desabrocham peles e flores

(Andrea De Godoy Neto)



Afinal,já não sei se ouço
um grito na noite estrelada,
ou numa ponte da Noruega,
ou se ouço gritar Prosérpina
que sem luta não se entrega...*



*botas em batalha
poesias sobre a ponte
cortes de navalha



Francisco Soares Neto ‎.


Proserpina

feita de pedra,
esculpida em ternura,
a pele lisa como a seda
pernas, joelhos e nervos
correm em fuga serpentina
e cada dedo do pé
grita no abraço
o rapto de Proserpina



(Luiza Maciel Nogueira)



não é minha sina
me prender às estações
nem me deem propina



(Francisco Soares Neto)




dá um real, moço!
olhos fixos de medusa...
coração de mármore



(Francisco Soares Neto)






o jardim dos elefantes

nenhum ferreiro
cobriu a tromba de metal

a garganta ferida
não era acessível

escultura de dentes
violada pelo vento

ideogramas de ossos
cobertos de nuvem

o jardim dos elefantes
sem carne viva
de tantos humanos
gordos
fartos
de história alguma

um passeio pelo tabuleiro
em que germinam as crianças

:

a memória seca
o regador quebrado

(Augusto Meneghin)





dramaticidade
grita no mármore branco
quem escutará?



(Francisco Soares Neto)



sexta-feira, outubro 21

III. Os Sapatos de Van Gogh







as botinas de fim de tarde
quando percorreram pastos
e criaram até calos nos pés


Luiza Maciel Nogueira 


mente desatina
aroma de pés descalços
fora da botina


Francisco Soares Neto 


poeta descalço
a andar por sobre letras
Gogh registrou


Francisco Soares Neto ‎.


DE TANTO CAMINHAR PELA LINHAS....
DESGASTARÃO SEUS SOLADOS PARA FAZER POESIAS


Ana Paula Varnier


o sapato acaba
a arte dura
a alma é antiga
a vida é breve


Gerson Carvalho ‎


em sapatos desgatados
versam versos atemporais
no pintor que a tela pinta
em matizes e cores primais
vida que pulsa
salta da tela.


Ianê Mello 





 Há que se ter sapatos...
Assim, se estará pronto 
Para partir...
E andar pelas ruas da vida
Enfrentar dilemas!

Partirei de mim
Nas ruelas do destino
Rastros de cometa

A fim de encontrar o eu
Que perdido ficou
Nos mundos países
Que um dia, em sonho (ou não), fui

A correr veloz
Atropelo um anjo atroz
Asas sonhadoras
Que de tão sonhadoras
Em grande sonho me fez!

Hoje sou homem-sonhador
Porque fui sonhado!
Sonhei marchar firme
Sobre a ponte dos sonhadores
Hoje pesadelos

Que mesmo sendo pesadelos
Me movem....
Por que são os gritos
Que me levam à vida!

Vou de encontro à vida
Botinas com asas leves
Sina de poeta
Andar...
Andar...
E andar!

E ao fim...
Tirar as botinas
E descansar.
De preferência numa varanda
Tomando água de coco!!!

terça-feira, outubro 18

II. Don McLean - Vincent ( Starry, Sarry Night)






"Pintando paisagens de Provence recluso em um asilo , Van Gogh cria através de suas lembranças e memória seu olhar. Enxerga através dos muros , rompendo com o impressionismo e criando um estilo só seu.... Vincent ( Starry Starry Night) , música do cantor e compositor Don Mcalean, composição de 1971 homenagea o gênio criativo de Van Gogh. Mclean compôs a música após ler sobre a vida do gênio, permitiu ser tocado pelo humano e também criou ....A todos nós , uma reverência ao que temos de mais precioso, nossa capacidade de criação, face do amor que move o mundo , transcende o tempo e transgride "verdades " ! Permitemo-nos ...."







Um poema para Van Gogh

teus belos prados
ricos de presença
teu céu azul escuro
porém vibrante, intenso
tua arte, teus sonhos
tua obra, tua orelha
eu sei que
nenhuma orelha resiste
à indiferença



nem mesmo à brutalidade
da incompreensão


(Luiza Maciel Nogueira)






Gritei na caverna
Lá dentro
meu grito hiberna



(Alvaro Posselt)




DIEGESE

Dias
grilhões do azul,
arrastados;
dissonâncias diurnas
no pisar da noite
a retrospecção anônima
e o calar da hora.

Dias
mastigados
nos limos da língua,
o palato
estala etílico
mais um dia.

Dias
em diegese,
extrapolam
o prenuncio do ontem
e a lâmpada acesa,
um sol mínimo
rumoreja
o absoluto
na parede do segundo.

Tullio S.B.Sartini





contemplei as sardas
na pele da noite escura
engasguei estrelas



Francisco Soares Neto


Gerson Carvalho ‎:
a solidão é uma noite escura
ou é uma noite estrelada?
não consigo gritar pra lua
ficou a pergunta esgasgada



Francisco Soares Neto:
a palavra corta o grito
silêncio se faz agora
o Vincent já não chora
nem tampouco há algum agito!!!



Gerson Carvalho ‎:
o vincent, nosso amigo
distante e desconsolado
gritou ao seu modo, contrito
nos deixou lindo legado



Gerson Carvalho ‎:
o vincent foi doidinho?
sim, a orelha ele cortou
cada um a sua dor
cada um o seu caminho
mas pintar como ele pintou
é ter pela arte grande amor



Francisco Soares Neto ‎.
bom descanso, poetas loucos!
vou descansar minha loucura...
onde deixei minha orelha???
e a minha dentadura???








sábado, outubro 15

I. Noite estrelada de Van Gogh



(Van Gogh em Noite Estrelada)


atrás dos ouvidos
sussurra o vento
seu amor, sua prece

 (Luiza Maciel Nogueira)


sou satélite
dos girassóis ao vento
reluzo ouro

(Cristina Desouza)




bebo estrelas
ávido de azul
brinco de roda
pinto uma tela
abro a janela
e escuto um
som de blues

(Cristina DeSouza)


No céu da minha boca
tem um monte de estrelas
Não penso em outra coisa
a não ser comê-las



(Alvaro Posselt)


a noite mais escura
é a estrelada
quanto mais brilhante
mais escuro



(Marília Kubota)




Noite serena
em pinceladas pequenas
mesclando o brilho da lua
no azul escuro do céu.

Uma luz se acende
no fundo dos olhos
da cidade que sonha
com o nascer do sol.

Patrícia Lara -





espirais noturnos
afagam o destino em luz
voam nos caminhos
do corpo, das veias
despertam os olhos
em vendavais

(Luiza Maciel Nogueira)




AZUL DE METILENO

É nesse azul de metileno que minto o elo onde meu olhar se dispersa quando azulejo o dia e meu encontro é tanto vento, é tanto sopro e tanto canto que encanto-me na possibilidade de transparecer meu marinho céu no seu caminho, onde a poesia dos dias é um nascer diário, é um poente, uma ponte ordenando horários na órbita dos olhos, colorindo as íris e gravando os mesmos sorrisos na minha retina, sim, de um jeito sempre novo.

[Samara Bassi]




noite estrelada

o céu é um redemoinho azul e vertiginoso
que paira sobre a cidadezinha silenciosa
mulheres, homens, crianças dormem
um sono justo e azul de noite estrelada
mas há um só homem que não dorme
prefere olhar o giro incessante do universo
pousa a cabeça sobre o chão
para ouvir melhor a vibração grave
do redemoinho transtornado



(Gerson Carvalho)




Vórtices

Noite respiras
Estrelas inspiras
Azul expiras
Liberdade transpiras
Vórtices azuis de estrelas libertas suspiramos...

Lia Finn





O risco do cometa


riscos de sóis noturnos
cometas ferem o céu
rasgam o manto negro da noite
descobrem o mistério do silêncio
não dizem, mas calam
em lenta saudade
espirais se revoltam
nos ouvidos das esferas
ecoam em gritos
“Liberte-se”

(Luiza Maciel Nogueira)





À noite a cidade distante aos olhos nus
Uma inquietude reluz
Entre os constantes sonhos dos homens sua luz
Tão cintilante quanto o céu noturno
Colorido pelas luzes
Por meio de Van Gogh
Eternaliza

(Mineirim das Gerais)





Através da moita de Van Gogh


a moita escura ao lado
canta no toque dos ventos
enquanto a cidade assiste
o baile das estrelas


morros ternamente situados
atingem a superfície do cosmos
e a ventania leva
todo resquício de pó do mundo


luzes minúsculas, mas infinitas
se encontram no azul


(Luiza Maciel Nogueira) 




Ondas de quase mar 


azuis percorrem o céu
em clara e escura noite
sussurram em ondas
de quase mar


a estrela mais brilhante
é quase outro planeta
muito distante


desafio o vento a me encontrar
apesar de tarde, a madrugada beija
sempre ao sonhar


(Luiza Maciel Nogueira)




Do nascimento do sol...

Os teus redemoinhos azuis
Ó noite, hão de parir
Dias de girassóis no porvir

(Andrea De Godoy Neto)





De traços e descompassos
Pinta-se a cidade a dormir
Espocam pipocas no céu
Ferindo a língua da noite
Que escorre em lentos
E macios ventos azuis...

(Andrea De Godoy Neto)





um Gogh de vinho
na noite de estrelas tontas
rodopio os olhos



(Francisco Soares Neto)


amada minha...
vê as estrelas?
estão elas enciumadas de ti!!!

restou os girassóis
aliados terrestres
trajetória ao abstrato!!!*



(Francisco Soares Neto)


*movimento amarelo 
sacode manto azul 
estrelas no chão 
trajetória pavilhada de luz


(Lia Marcia Finn)




Eis o movimento...
Estático e que por ser estático, tanto
Acaba movendo...
Movam-se os ventos estáticos do pensamento
Movam-se as ilusões iluminadas da alma...
Movam-se os estáticos movimentos...
movam-se...
Movam-se apenas...
Criem e recriem a vida!!!!

By Vanessa vieira







LUZ E VENTO
Veja, Théo,
os moinhos de luz
que, bom holandês,
pus a girar para nós
no céu
francês!*



(Marcantonio Costa)


  • *Olhe, antonio!
    há luz no ninho
    e o frango que fora xadrez
    abriga seus pintainhos
    na VAN do holandes!!!
    (Francisco Soares Neto

    *Entre Holanda
    e França
    a distância não é grande.
    É só tomar um trem
    um coche
    ou carruagem
    numa bela noite de estrelas.
    Só não vai esquecer:
    queijo holandês
    ou frango xadrez
    não é comida de francês!
(Gerson Carvalho)




Salpicadas de amarelo
estrelas rebrilham em luz
como pontos no infinito
no azul anil do céu
e em meus olhos cintilam
sonhando sonhos acordada
na tela que a noite pinta.

Ianê Mello